Cientistas Revelam a Causa da Morte das Fêmeas de Polvo Após a Desova

 O comportamento de diversos animais é um tema que desperta grande curiosidade e fascínio. Um exemplo notável é o da fêmea do polvo, que, após a desova, dedica-se intensamente à proteção de seus ovos, mantendo vigilância constante contra predadores. No entanto, essa dedicação culmina em um comportamento surpreendente: à medida que o período de cuidado se aproxima do fim, a fêmea interrompe a alimentação e inicia um processo de automutilação, que pode incluir a remoção de partes de sua pele ou até mesmo a ingestão de seus próprios braços. Esse comportamento resulta em uma gradual perda de coloração e, eventualmente, na morte do animal, que frequentemente ocorre antes da eclosão dos ovos, deixando os filhotes órfãos.


Um estudo recente publicado na revista *Current Biology* explora as alterações bioquímicas que ocorrem após o acasalamento dos polvos, destacando um aumento nos níveis de 7-desidrocolesterol (7-DHC). Em humanos, essa substância desempenha várias funções, incluindo a síntese de colesterol e vitamina D. Contudo, concentrações elevadas de 7-DHC são tóxicas e associadas a distúrbios como a síndrome de Smith-Lemli-Opitz, uma condição rara que causa sérios problemas de desenvolvimento e cognitivos. Os pesquisadores sugerem que, nos polvos, o 7-DHC pode ser um fator desencadeante do comportamento de automutilação que leva à morte da fêmea.


A Dra. Yan Wang, professora assistente de psicologia e biologia na Universidade de Washington e coautora do estudo, comentou ao *New York Times* que a descoberta do paralelo entre os polvos, outros invertebrados e até mesmo humanos é fascinante, ressaltando a utilização compartilhada de moléculas em organismos tão distintos. Wang enfatiza que, embora as moléculas em questão sejam as mesmas, suas consequências variam significativamente entre as espécies, sendo que, nos humanos, o 7-DHC não é um agente letal. Ela conclui que, nos polvos, "o sistema é programado para agir assim", resultando em um trágico desfecho para as fêmeas, sem que isso seja causado por uma enfermidade.


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