Onças-pintadas e uma anta resgatadas com queimaduras no Pantanal.

 Na última semana, três resgates de animais silvestres no Pantanal, incluindo duas onças-pintadas e uma anta, destacam a grave ameaça que o fogo representa para espécies ameaçadas nesse bioma, que enfrenta a pior seca dos últimos 70 anos.



Na quinta-feira, 15 de agosto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) resgatou uma onça acuada pelas chamas em uma fazenda no município de Miranda, Mato Grosso do Sul. O felino apresentava queimaduras em todas as patas, que foram devidamente tratadas com curativos. Imagens divulgadas mostram o animal com dificuldades de locomoção no centro de reabilitação onde está sendo tratado.

O tratamento inicial dos ferimentos ocorreu próximo ao local de resgate, e a onça foi transportada ainda na mesma tarde para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), em Campo Grande, onde passará por reabilitação antes de retornar à natureza.

Uma segunda onça-pintada foi resgatada em estado crítico no fim de semana, também em Miranda. Identificada como Antã, esta onça apresentava queimaduras de segundo grau nas patas e comprometimento pulmonar. A expectativa é que ela se recupere e possa ser acompanhada pela primeira onça resgatada.

No dia 15, uma anta foi socorrida em Barão de Melgaço (MT) pela organização Ampara Animal. Assim como as onças, a anta também tinha queimaduras severas nas patas e foi encontrada mancando. Devido ao seu porte, o transporte do animal, que foi atendido na Reserva São Francisco do Perigara, até o centro de reabilitação da Ampara Animal na rodovia Transpantaneira (MT-060), foi realizado com um helicóptero do Exército. Os veterinários ainda não podem afirmar se a anta, uma fêmea batizada de acuri, poderá ser devolvida à natureza.


As condições climáticas extremas no Pantanal e na Amazônia em 2024, caracterizadas por seca, calor e ventos fortes, elevaram o risco de incêndios a níveis alarmantes, os mais altos em 44 anos, conforme dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ). O índice DSR, utilizado para avaliar essa situação, é o maior desde o início do monitoramento em 1980.

De acordo com uma nota técnica publicada por especialistas da UFRJ, o regime de seca dos últimos 12 meses, aliado às altas temperaturas, resultou em um acúmulo significativo de material combustível na região. A seca dos rios expõe matéria orgânica inflamável, incluindo restos de árvores e plantas aquáticas, que, em conjunto com a vegetação seca e a turfa, alimentam os incêndios florestais.



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